QUEM SOMOS

Campo Psicanalítico salvador

O Campo Psicanalítico Salvador congrega psicanalistas e interessados no saber da psicanálise, com o objetivo de proceder à formação através da transmissão, da pesquisa e da clínica. 

O Campo Psicanalítico se inspirou em uma frase – “não faço nenhuma propaganda para que haja analistas” – proferida na Conferência de Milão [Lacan, 1974]. Para ser analista – que é uma posição muito difícil –, ou seja, para que vocês sejam analistas, não posso de modo nenhum querer em lugar de vocês. Isso deve vir de cada um. É uma posição quase impossível. Logo, não posso querer em lugar de vocês. Não faço nenhuma propaganda para que haja analistas. A palavra propaganda está associada desde muito tempo à ideia de fé, de propaganda – foi assim que a palavra nasceu – fide.

Tomar essa frase – não faço nenhuma propaganda para que haja analistas – como insígnia de uma instituição de transmissão da psicanálise e de formação de psicanalistas parece paradoxal, pois, afinal de contas, uma instituição de psicanálise visa, acima de tudo, a “formação do psicanalista”. Porém, uma insígnia como tal poderia se justificar se considerarmos o desejo do analista, o fato de que o analista não pode querer, em lugar do analisando. O analista pode esperar que um certo número de pessoas queira ser analisado, mas não pode esperar que queiram ser analistas, mesmo porque uma análise não é condição suficiente para que haja analista. 

Outra inspiração do Campo Psicanalítico é extraída da definição de Escola proposta por Lacan em 1964, para cuja criação tomou emprestada a afirmação de Mallarmé, que defendia ser possível criar instituições, desde que não conformistas. O Seminário e o Cartel, articulados entre si, representavam dispositivos não conformistas. Tal qual Freud, Lacan acabou por achar possível criar uma instituição fora da Universidade. De modo que, ao fazermos a proposição de uma instituição intitulada de Campo Psicanalítico, queremos dizer que o saber do psicanalista é transmissível, e o lugar dessa transmissão pode também ser um campo. Lugar de formação permanente dos seus membros. 

O léxico psicanalítico amplifica o alcance dos léxicos freudiano e lacaniano, na medida em que promete transformá-los em referenciais de análise e intercâmbio com outras abordagens psicanalíticas. Promete também uma abertura ao diálogo com outros discursos não psicanalíticos. Psicanalítico é inclusivo do saber de Freud e Lacan, e não exclusivo de outros saberes. Essa nos parece ser uma tomada de posição necessária na contemporaneidade. 

Por outro lado, o léxico campo, enquanto lugar de transmissão do saber do psicanalista e de formação permanente, deve ser entendido como campo da linguagem, que é efetivamente o espaço em que se joga a partida de uma psicanálise. O campo da linguagem é inclusivo da função da fala, e não exclusivo da função do gozo, que somente na linguagem se efetiva.